Saiba se o seu carro é mais econômico com álcool ou gasolina

Fonte: Exame.com, por Julia Wiltgen, em 13/02/2013

13 de Fevereiro de 2013 16:31

Para saber se abastecer um carro com álcool (etanol) é mais vantajoso do que usar gasolina, o preço do biocombustível não deve ultrapassar 70% do preço da gasolina. Ou seja, basta multiplicar o preço da gasolina por 0,7 para chegar ao preço máximo que o etanol pode atingir para ser mais vantajoso que o combustível fóssil. Agora que o aumento do preço da gasolina nas refinarias já pode ser sentido pelos motoristas, essa continha volta ao foco dos proprietários de veículos flex.

Mas essa relação de 0,7, amplamente difundida, é apenas uma aproximação para o motorista não perder dinheiro frente à diferença de preços dos dois combustíveis. De fato, cada versão de cada modelo tem o seu próprio índice, que fica sempre em torno de 0,7, mas que pode ser um pouco maior ou um pouco menor. E quem não conhece o índice de seu próprio veículo pode não estar sendo feliz ao tentar economizar.

O gerente de desenvolvimento de negócios da consultoria automotiva Jato Dynamics, Milad Kalume Neto, calculou a relação entre as eficiências do álcool e da gasolina para todos os veículos flex testados pelo Inmetro para o seu Programa Brasileiro de Etiquetagem de 2013, projeto que classifica os carros de acordo com o consumo de combustível.

Kalume tomou dividiu o consumo por litro de álcool pelo consumo por litro de gasolina, de acordo com os dados divulgados pelo Inmetro, para chegar ao índice de cada versão testada. Esse índice é o que deve ser multiplicado pelo preço da gasolina em cada caso, para se chegar ao preço máximo de vantagem do etanol. Em outras palavras, o índice mostra se o carro é mais ou menos “amigável” ao álcool ou ainda, se o álcool é mais ou menos amigável ao bolso do motorista.

O Gol 1.0 Ecomotion rodando na cidade é um dos raros carros que tem índice 0,7. O Honda Fit 1.4 DX de câmbio automático, por exemplo, tem índice 0,6 na cidade, o que significa que, para esse modelo, quando o preço do etanol ultrapassa apenas 60% do valor da gasolina, o biocombustível já perde a vantagem. Se o preço da gasolina for 2,799 reais, por exemplo, o valor máximo que o álcool pode atingir para ser mais vantajoso é de 1,679 real. Se esse motorista usar o índice aproximado 0,7, em vez do 0,6 adequado ao seu modelo, pode perder 636,14 reais ao fim de um ano, caso rode 15 mil quilômetros por ano.

Já o Fiat Strada 1.6 Trekking Cabine Curta tem índice 0,72 na estrada, sendo mais “amigável” ao álcool. Para um preço de gasolina de 2,799 reais, o preço máximo para o álcool ser mais em conta é de 2,013 reais. Um motorista que rode 15 mil quilômetros por ano e fizer a conta com o índice 0,7, em vez daquela adequada ao seu Strada, economizará mais 91,73 reais ao final do ano.

Kalume esclarece que a conta que leva em consideração os dados do Inmetro é a mais confiável, pois os carros foram testados nas condições adequadas de direção. Caso o seu carro não esteja na lista a seguir, você mesmo pode fazer essa conta. Basta usar os dados oficiais de consumo na estrada e na cidade com cada combustível, divulgado pela montadora, ou o consumo que você mesmo percebe ao dirigir. Em seguida, divida a quilometragem rodada por litro com o álcool pela da gasolina.

Mas o gerente da Jato Dynamics alerta para o fato de que essa conta feita pelo próprio motorista terá uma margem de erro maior. “Esse motorista pode usar a relação de 0,7, ou seja, de 70%, que é uma boa aproximação. É o caso dos donos de veículos da Chevrolet, que não estão na listagem de carros testados pelo Inmetro”, diz. Para que a testagem do Inmetro seja realizada é preciso que as montadoras se disponham a participar, e a GM não tem participado.