Aplicativos facilitam venda de carro usado

Fonte: www.valor.com.br/empresas, por Gustavo Brigatto, em 19/02/2018

20 de Fevereiro de 2018 01:07

O mercado de carros usados no Brasil é quase sete vezes maior que o de modelos novos, foram 14,2 milhões de veículos vendidos em 2017.Vender um carro usado é uma das tarefas mais frustrantes da vida adulta. Seja peregrinando por concessionárias, fazendo anúncios on-line, ou usando o veículo como entrada para comprar um modelo zero quilômetro, a sensação quase sempre é de que o negócio poderia ter sido melhor, ou fechado com menos esforço.

Mas assim como tem acontecido com praticamente todas as atividades, uma leva de startups surgiu nos últimos meses propondo novas formas de se fazer essa venda. Com os sites e aplicativos, os negócios podem ser fechados entre pessoas, ou com concessionárias de forma mais simples e com a promessa de preços mais competitivos. "Na loja o vendedor perde até 30% do valor do veículo e vender para particular pode ser perigoso", diz Mauricio Feldman, co-fundador e presidente da Volanty.

Lançada no Rio no começo do ano passado, a companhia quer entrar em São Paulo no primeiro trimestre. Por seu sistema, o vendedor leva o carro a um local pré-determinado. Lá, é feita uma vistoria e são feitas fotos com produção profissional do carro. As imagens são usadas para ilustrar anúncios em sites de venda de carros e também no site da própria empresa. O vendedor leva o carro pra casa e, quando um número suficiente de interessados é reunido, leva o carro de novo para um dia de visitas. A Volanty paga o Uber para que ele possa ir e voltar do trabalho depois. Se o negócio for fechado, a Volanty cobra uma taxa de 7% do vendedor.

Para chegar ao mercado, a companhia levantou R$ 2,5 milhões com o fundo Canary, que tem como investidores Júlio Vasconcellos, fundador do site Peixe Urbano. Segundo Feldman, uma nova rodada de captação já está sendo planejada. "A questão agora é escala, abrir mais pontos e estar em locais que sejam cômodos, como shoppings e supermercados", diz.

O mercado de carros usados no Brasil é quase sete vezes maior que o de modelos novos. Em 2017, foram 14,2 milhões de veículos vendidos, uma alta de 6,5% na comparação com 2016. Foi o segundo ano consecutivo de alta, segundo a federação de revendedores (Fenauto). O mercado de novos também se recuperou em 2017. Depois de quatro anos em queda, houve um crescimento de 9%, com 2,2 milhões de veículos vendidos, segundo a federação dos distribuidores (Fenabrave).

Mas o avanço mais acelerado nas vendas de novos não parece ser uma preocupação. "É um modelo de negócios novo [que ainda tem que se provar], mas já dá pra dizer que é pró-cíclico [cresce quando há crescimento da economia] e anti-cíclico [cresce quando há recuo da economia]. É um negócio positivo, resiliente", diz Luca Cafici, co-fundador e diretor de operações da Instacarro. Lançada em 2015, a companhia já captou US$ 22,5 milhões - sendo pouco mais de US$ 10 milhões na rodada mais recente, anunciada em novembro. Segundo Cafici, já foram comprados e vendidos mais de 10 mil carros. Ano passado, a receita foi de US$ 87 milhões, o dobro de 2016. Para 2018, a meta é dobrar novamente.

Na Instacarro, o vendedor oferece seu carro a concessionários por meio de um leilão. Ele leva o veículo para um posto da empresa para uma avaliação que dura cerca de 30 minutos. Na sequência, um leilão de mais 30 minutos é iniciado. Ao final, o vendedor fica sabendo o melhor lance e, se topar, fecha o negócio na hora. As concessionárias pagam uma comissão variável, que depende do modelo do veículo e das condições do leilão. "Às vezes a gente nem cobra nada", diz Cafici. O serviço tem, atualmente, mais de 1,5 mil lojistas cadastrados.

O formato de leilão também foi adotado pelo VIP Direto, iniciativa da VPL Participações, uma das três maiores empresas de leilões do país e do Grupo Massa, empresa do apresentador Carlos Massa, o Ratinho. Os vendedores cadastram gratuitamente carros ou motos, com dados de registro, conservação, fotos e preço mínimo. Uma equipe faz uma checagem das informações e libera o leilão, com duração de cinco dias. A VIP cobra uma taxa de 5% do comprador. "O processo é feito com leiloeiro oficial, com fé pública, o que garante confiança", diz Ana Paula Grimaldi Roso, diretora-geral do VIP Direto.

Em dois meses de operação piloto, restrita ao Paraná, o serviço promoveu 14 leilões, com cerca de 30 veículos oferecidos em cada um. O aplicativo, que responde por 70% dos acessos, foi baixado 20 mil vezes. Além dos leilões virtuais, outros dois foram feitos pela TV. Um deles contou com carros clássicos, o que, segundo Ana Paula, atraiu muita atenção. "Se houver oportunidade podemos fazer novamente", diz.

De acordo com ele, o próximo passo, a ser dado em março, é expandir o VIP Direto para todo o país. Outro plano para 2018 é incluir no sistema serviços como a contratação de seguros, financiamento, transporte, despachante e se tornar um ponto único de contato para vendedores e compradores. "Estamos discutindo com grandes marcas. Isso será um acelerador para os negócios", diz.

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