TruckPad o aplicativo que conecta o caminhoneiro à carga

Fonte: www.pme.estadao.com.br, por Letícia Ginak, em 09/11/2017

O aplicativo TruckPad inseriu tecnologia a caminhoneiros e digitalizou o setor de transporte rodoviário de cargas.Para quem vê de fora, Carlos Mira não precisava empreender. Há 35 anos trabalhando na transportadora da família, exercia o cargo de presidente-executivo, retrato de uma carreira consolidada e confortável. Mas a veia empreendedora pulsou depois de uma visita ao Vale do Silício, no ano de 2011. Ao lado de outros empresários curiosos, Mira visitou o reduto das startups para descobrir o que impulsionava o surgimento de novas empresas que, em um curto período de tempo, passavam a custar milhões de dólares. Foi nessa viagem que surgiu o embrião da TruckPad, aplicativo que conecta o caminhoneiro independente à carga.

“Em uma palestra na Universidade de Stanford em que o tema era como os smartphones iriam revolucionar os negócios, principalmente em setores da economia e comunicação, tive a sensação de que estavam falando comigo”, explica Mira. O empresário fez a ligação do que ouvia na palestra com a dificuldade de contratar caminhoneiros autônomos. “Eles estavam falando de logística. O problema era que, na época, os smartphones não eram populares no Brasil, diferente de lá, que já estava surgindo o Uber, por exemplo”, completa.

Assim que voltou de viagem, Mira se reuniu com o irmão, sócio-majoritário da empresa, para contar sobre a ideia do TruckPad e assim melhorar a logística da empresa. O irmão não foi receptivo, impulsionando Mira a vender sua parte na empresa para iniciar sua jornada como empreendedor.

Nasce o TruckPad

Mira gosta de dizer que parecia um universitário para fazer o TruckPad acontecer. “Coloquei a ideia debaixo do braço e fui me banhar de conhecimento. Encontrei na Endeavor o Edson Rigonatti, da Astella, que me pegou pela mão e me guiou em todas as trilhas do empreendedorismo digital, me apresentou pessoas, investidores e livros”, explica.

Após a teoria, a prática. E nada melhor do que o terminal de cargas do cruzamento das rodovias Fernão Dias com a Dutra para entender o caos que o segmento vivia. “Cerca de mil caminhoneiros circulam no local por dia. Alguns chegam a desperdiçar 15 dias para conseguir uma nova carga”, explica. Mira levou Rigonatti ao terminal, que o olhou e disse que ele “estava sentado em uma mina de ouro”.

O TruckPad seria então a solução para acabar com o descompasso entre caminhoneiros e transportadoras, propondo agilidade e eficiência no contato. Porém, havia um empecilho que poderia realmente colocar à prova o aplicativo: a própria tecnologia. Os caminhoneiros não utilizavam smartphones e, o pior, não tinham interesse.

Mira então foi a campo e distribuiu 20 celulares e 20 tablets para caminhoneiros do terminal de cargas, com o objetivo de mostrar a funcionalidade do aparelho em si e também do aplicativo. “No final do teste, que durou dois meses, fui agradecê-los por toparem participar e decidi fazer mais uma experiência, perguntando se eles comprariam o celular. 100% disse que sim. Isso foi muito encorajador e provou que o mercado existia. Tenho tudo documentado, porque isso me ajudou com possíveis investidores”, conta.

Experiência no Vale

O aplicativo já estava disponível para download e Mira começou a participar de “pitchs”, prática comum para empreendedores digitais que consiste em uma apresentação do aplicativo para investidores e estudiosos. Foi assim que Mira foi assistido por um representante da Plug and Play, uma das maiores aceleradoras do Vale do Silício, que rendeu o convite para uma temporada de seis meses no local. Mira embarcou em 2014 com o objetivo de melhorar a capacidade técnica do código e instrumentalizar o aplicativo. Lá, na mesa ao lado, conheceu Leandro Morais, empreendedor e um dos fundadores do Peixe Urbano, e o convidou para ser seu sócio. A jornada solitária começaria a ter fim.

A relevância do aplicativo logo foi reconhecida na meca das startups. “No final de 2014, as startups que estavam sendo aceleradas foram convidadas para participarem do Plug and Play Expo Winter. Subi ao palco e fiz um pitch para os maiores investidores do Vale do Silício. Com ele, ganhamos o concurso como a startup mais inovadora do mundo”, orgulha-se Mira.

Ascensão e volta ao Brasil

Em janeiro de 2015, o empresário voltou ao País com o aporte da Movile. “Antes, tínhamos aproximadamente 10 mil downloads por mês e depois da Movile começamos a triplicar a cada mês. Chegamos ao final de 2015 com 100 mil downloads”, conta. O empresário completa dizendo que o cenário nacional mudou e a tecnologia “conspirou a nosso favor, com wifi em postos de combustíveis e caminhões com chip embarcado”.

Conhecido como o “uber dos caminhoneiros”, a visibilidade da TruckPad levou a empresa a participar de diversos concursos nacionais e internacionais. Um deles, o Startup Autobhan, organizado pela Universidade de Stuttgart, na Alemanha, com o apoio da Daimler, empresa detentora da marca Mercedes-Benz, consolidou o aplicativo de vez. “Ganhamos esse concurso e então a Daimler resolveu patrocinar o aplicativo. Hoje a Mercedes-Benz é patrocinadora do TruckPad e fazemos uma série de ações comerciais juntos”, explica Mira.

O empresário ainda conta que, após o patrocínio, outras marcas o procuraram. “Foi um ato contínuo, logo em seguida a Shell Rimula, especializada em lubrificantes, também entrou como patrocinadora e depois a Michelin, com a Sascar, que é a marca deles de rastreadores. Temos essas grandes marcas como apoiadoras e patrocinadoras”.

Para Mira, o sucesso do aplicativo é importante, mas o seu objetivo inicial foi alcançado. “Nós fazemos a conexão entre caminhoneiros autônomos e transportadores ou indústrias, proporcionando que os caminhoneiros faturem mais e não rodem vazios. Do outro lado, as empresas ganham aumento na sua performance de logística, porque contratam mais facilmente os caminhoneiros e diminuem os custos”.

Com investimento inicial que “não ultrapassou 100 mil dólares do próprio bolso”, hoje o TruckPad tem cerca de 500 mil downloads, com 8 mil empresas que utilizam a plataforma, como a P&G e Arcelormittal, e mais de 50 milhões de dólares em ofertas de frete por mês. Para 2018, Mira quer mostrar para grandes empresas o potencial do aplicativo. “Quero ser considerado por grandes corporações como uma solução de gente grande para o setor de logística”, afirma categórico.

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