Frustração de infância inspirou empresária - Joyce Venancio

Fonte: Do Uol, por Melissa Diniz, em 20/11/2015

Joyce Venancio, da Preta Pretinha, que vende bonecas inspiradas em diferentes etniasA empresária Joyce Venancio, de São Paulo, transformou uma frustração da infância em negócio. Quando criança, ela e as irmãs, Lucia e Cristina, ficavam tristes por não encontrarem bonecas negras, por meio das quais se sentissem representadas. "Queríamos bonecas que pudessem ser uma extensão da nossa família para levar para a escola no dia do brinquedo, mas as únicas que existiam eram de coleções especiais, muito caras", conta.

Foi a avó das meninas, Maria Francisca, a responsável por concretizar essa vontade. "Minha avó sempre gostou de trabalhar nossa autoestima. Ela dizia que enfrentaríamos preconceito por conta da cor da pele, mas que poderíamos estar nos melhores lugares do mundo, pois a educação é a base de tudo."

Dona Maria Francisca decidiu fazer as bonecas negras para as netas. "Comprou as cabeças na 25 de Março (rua de comércio popular da capital paulista), fez o corpo de pano e revestiu as bonecas com meia-calça tingida de marrom. Depois pintou a boca, o nariz e os olhos, respeitando os nossos traços. Ficaram lindas."

O impacto dessa experiência na vida de Joyce e das irmãs foi tão grande que, mais tarde, elas decidiram abrir a loja Preta Pretinha, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, especializada em bonecas que representam pessoas com etnias e características variadas.

Além da criação e venda dos produtos, Joyce também se dedica a fazer palestras e workshops que divulgam a importância de a criança ter brinquedos que reflitam sua própria identidade. "É muito gratificante ver os alunos nas escolas, principalmente na periferia, felizes ao ver um boneco ou boneca que se parece com eles."

Segundo a empresária, ainda hoje é muito difícil encontrar produtos de qualidade a preços acessíveis. "Fico triste quando vejo bonecas negras malfeitas, com traços grosseiros, cabelo feio, tecidos inferiores e avental. Isso passa para a criança uma visão estereotipada de que o negro é descuidado e sempre o serviçal."

Construção da identidade

Para Luciana Barros de Almeida, presidente da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), é essencial que a criança tenha brinquedos que reflitam sua própria identidade e cotidiano. "Ter uma boneca que se pareça com ela favorece o desenvolvimento da criança e fortalece sua autoestima", declara.

Porém, do ponto de vista contexto social, diz a especialista, é importante também que outras bonecas, com características diferentes, sejam oferecidas. "Assim ela terá uma ideia melhor da diversidade existente no mundo."

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