Da depressão à medalha de ouro - Rafaela Silva

Fonte: www.olimpiadas.uol.com.br, por Bruno Doro, em 08/08/2016

Rafaela Silva, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016A primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro foi de uma carioca, nascida em uma favela e que começou a lutar em um projeto social. Rafaela Silva é a nova campeã dos leves (57kg) do judô, após bater a mongol Sumiya Dorjsuren, atual líder do ranking mundial.

"Treinei muito depois de Londres-2012 porque não queria repetir o sofrimento [foi eliminada na estreia, ao aplicar um golpe ilegal]. Depois da minha derrota, muita gente me criticou, disse que eu era uma vergonha para minha família, para meu país. E agora sou campeã olímpica", disse Rafaela logo depois da luta. "Em 2014, eu estava desacreditada, mas, agora, treinei o máximo que podia e o resultado veio".

Técnico da seleção brasileira, Mário Tsutsui disse que a luta mais difícil foi a da semifinal. "Contra a romena, que foi decidida só no golden score [a morte súbita do judô], foi tenso. A Rafaela sentiu a pressão de lutar por uma final olímpica. Mas quando vimos a mongol ganhando da japonesa, ficamos confiantes e sabíamos que ela tinha uma chance muito grande de ganhar a medalha de ouro”, comentou - Dorjsuren venceu a atual campeã olímpica, Kaori Matsumoto.

Com sua família e amigos nas arquibancadas, Rafaela cresceu com a vibração do público e reverteu um histórico incomodo: em cinco lutas contra a asiática, tinha vencido apenas uma vez, no ano passado. "Mesmo assim, sabíamos que a mongol não era perfeita. Trabalhamos muito em cima dela e sabíamos que ela abria a guarda para contra-golpes. Foi assim que veio o golpe da vitória", explicou Tsutsui.

Na Arena Carioca 2, Rafaela Silva venceu a mongol por um wazari. A vantagem a permitiu controlar a luta, inclusive mantendo a rival longe e recebendo duas penalidades.

A história da campeã olímpica

Aos cinco anos, Rafaela saiu da Cidade de Deus, a comunidade carente e violenta que ficou famosa com o filme homônimo de Fernando Meireles, para se tornar a melhor judoca que o Brasil já teve. Em 2013, foi campeã mundial, também em sua casa, no Rio de Janeiro. Nenhum outro judoca do país tem títulos olímpicos e mundiais. Sarah Menezes, Aurélio Miguel e Rogério Sampaio têm ouros olímpicos, mas nunca venceram Mundiais. João Derly (duas vezes), Tiago Camilo, Luciano Correa e Mayra Aguiar têm o Mundial, mas não o ouro olímpico.

A história da judoca começou em uma academia montada em sua rua, quando seus pais buscavam uma atividade para acalmar a menina brigona. O destino fez com que Geraldo Bernardes, o técnico de Flavio Canto, medalhista de bronze dos Jogos de Atenas-2004, visse na garota uma futura campeã. Ela foi treinar no Instituto Reação, que Bernardes e Canto criaram para ensinar judô em comunidades carentes.

Em 2008 o trabalho já dava resultado, com o título mundial sub-20. Em 2009, foi a melhor brasileira no Mundial de Roterdã, com um quinto lugar. Em Londres-2012, já vice-campeã mundial, quase deixou o esporte. Eliminada por tentar um golpe ilegal, acabou bombardeada com mensagens racistas em redes sociais. Reagiu. Quando chegou no Brasil, queria parar.

A família, Bernardes, Canto e uma psicóloga, Nell Salgado, não deixaram. No ano seguinte, ela já era campeã mundial e líder do ranking da Federação Internacional de Judô. Nos últimos três anos, subiu ao pódio em quase todos os torneios que disputou. A primeira medalha do judô na Rio-2016 não poderia vir de uma candidata melhor.

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