A executiva que comanda 30 mil funcionários na TAM - Claudia Sender

Fonte: Época Negócios, por Bárbara Bigarelli, em 20/08/2014

Claudia Sender, presidente da TAM, aos 38 anos, é a primeira mulher a controlar uma empresa aérea brasileira"Mulheres, não tentem ser homens. Esse é o maior erro que podemos cometer. Temos competências e habilidades únicas e que são valorizadas no mercado para a tomada de decisões de empresas". É assim que Claudia Sender, acredita que as mulheres podem assumir posições de liderança nas empresas. Aos 38 anos, ela é a primeira mulher a controlar uma empresa aérea brasileira, a TAM, posição assumida em maio de 2013. Hoje, ela tem o desafio de consolidar a empresa como o maior grupo da América Latina, após a fusão concluída em 2012 com o grupo chileno LAN. Mais do que isso: agregar decisões, departamentos, novas visões e culturas decorrente da associação com os chilenos. Internamente, precisa comandar diariamente uma empresa que tem 30 mil funcionários, espalhados em 42 aeroportos de mais de 100 cidades.

Em bate-papo online promovido pela Fundação Estudar para jovens universitários, Claudia contou sua trajetória, iniciada na Universidade Politécnica de São Paulo (POLI-USP), onde formou-se em engenharia química até chegar ao mercado de aviação. Didática no modo de apresentar-se, ela afirma dar muito valor ao esforço, ao trabalho em equipe e à visão de longo prazo. "Acho que cheguei à presidência da TAM pelo meu histórico de resultados e estratégias a longo prazo que implementei durante minha carreira. A habilidade de trabalhar com tantas pessoas diferentes também pesou muito", afirma.

Aparentemente sem associação direta com o que faz hoje, Claudia afirma que a formação em engenharia a ajudou a ter um raciocínio lógico para correlacionar fatores, gerir pessoas e buscar implantar projetos que poderiam transformar o país e as pessoas. Quando cursava o 4º ano da POLI, foi aprovada em dois projetos de trainee e ficou na dúvida se entrava na área química ou se aceitava uma vaga na consultoria Bain & Company, que estava abrindo escritório no Brasil. "Na época, um amigo meu me disse algo que utilizo até hoje na hora de fazer escolhas: por que não buscar um aprendizado novo? Você terá muitas oportunidades de exercer a química, mas o estágio é um momento de baixo custo para você testar e aprender sobre outras coisas".

Filha de pais médicos e, até então sem nenhuma experiência no mundo corporativo, foi pela consultoria que ela entrou no mundo dos negócios. Mesmo como estagiária, teve a oportunidade de participar de reuniões estratégicas de diversas empresas - que atuam no setor de autopeças, bens de consumo até bancário. "Em menos de dois anos, ganhei a experiência de conhecer empresas, assuntos e muitos executivos. Só teria isso em no mínimo cinco anos e se conseguisse trabalhar em cada uma", conta. O que a ajudou, acredita, foi ter uma "curiosidade aguçada para correr atrás de vários temas" e não preocupar-se em ter uma rotina estabelecida e regulada por horários fixos. Fez contatos, buscou ajuda de mentores da empresa e estudou muito para entender temas que não conhecia. Ficou sete anos lá.

Saiu para, como define, ampliar horizontes culturais e intelectuais: queria ter uma formação mais sólida em negócios, em temas como finanças, por exemplo. Do seu aprendizado no curso de MBA na Harvard Business School destaca o contato com pessoas do mundo todo - quando aprendeu a lidar e a conhecer a diversidade cultural - e um novo modelo de ensino, que foge da equação professor- aluno e estimula a discussão de estudos de caso. Voltou com vontade de participar mais ativamente de processos e da implementação de projetos corporativos. "Numa consultoria você nunca sabe se as ideias brilhantes funcionaram na prática ou até que ponto você é responsável pelo sucesso de um projeto", afirmou. Ela também queria gerir equipes maiores e ser líder.

Nessa escolha só tomou cuidado com um fator. Não queria aterrisar em uma área muito especializada de uma empresa, sem se sentir segura para a mudança. "Temos que limitar nossas mudanças de carreira, para que a transição não seja dura e difícil", afirmou. Entrou na área de planejamento estratégico da Whirpool Latin America, onde conseguiu, pela primeira vez, ter uma "visão 360º" de uma grande empresa. E onde também afirma ter aprendido a lição que mais aplica na TAM hoje: "Percebi que tínhamos que trazer a voz do consumidor para dentro para definir o que e como a empresa tem que entregar seus produtos e serviços". Chegou à vice-presidência de marketing da empresa. Seu maior desafio, diz, foi conseguir fornecer eletrodomésticos a preços acessíveis para os consumidores de baixa renda. Em 2011, mudou-se para a TAM, onde assumiu a vice-presidência comercial e, depois da fusão, a unidade de negócios doméstica Brasil do grupo LATAM.

Hoje, seu trabalho como presidente inclui reuniões semanais com os responsáveis por cada área da empresa para falar de balanços financeiros, segurança e discutir o que foi reportado na mídia sobre a empresa. Todo mês toma café da manhã com pilotos, visita aeroportos do Brasil e come pizza com comissários. Afirma não se desligar nem quando está de férias, quando tenta conversar com clientes para saber a percepção deles da companhia. Estar próximo a uma parcela, mínima que seja, dos 120 mil passageiros que embarcam na TAM todos os dias é uma de suas maiores dificuldades atualmente. "O problema é que quanto mais você cresce, mais distante você fica da realidade dos clientes. Porque as informações chegam muito mais filtradas para nós. O desafio é não deixar isso ocorrer".

Abaixo, confira algumas lições de Claudia para quem quer chegar à liderança:

Tenha uma curiosidade infinita: Nós nunca aprendemos o suficiente. Sempre há novas maneiras e metodologias que aparecem. Estude muito, leia e, acima de tudo, tenha a humildade de aprender. Sempre tive a crença de que se a gente acredita que sabe todas as repostas, nossa capacidade de evoluir é limitada. Tente aproximar-se das pessoas que possam contruibuir com seu aprendizado.

Ser um bom líder é: ser capaz de escolher talentos e, em equipe, criar algo muito maior do que ocorreria se fosse feito individualmente. Para ser líder não basta um amplo e profundo conhecimento do tema, é preciso ter paixão por trabalhar com pessoas.

Traçe metas ambiciosas, porém realistas: já vi coisas mágicas acontecerem por sonhos grandes terem sido estimulados e as equipes se superarem e entregarem aquilo que nem elas mesmo acreditavam. Crie também metas aspiracionais, para motivar o sonho das pessoas de trabalharem todos os dias na empresa. As pessoas não são feitas de números e estatísticas.

Faça networking, mas sem ser ansioso: converse com pessoas em eventos, pergunte sobre o trabalho delas. Mas faça esse networking de modo genuíno sem pressa de conseguir algo. Se for sincero, as pessoas lembrarão de você e novas oportunidades aparecerão.

Não se afobe em subir de posição: Quase tomei decisões equivocadas em minha carreira por achar que uma promoção deveria ocorrer dali a cinco minutos; por não ter foco no longo prazo ou por achar que o que os outros diziam para mim era o que eu deveria fazer.

A Presidente da TAM Linhas Aéreas revela como utilizar o marketing no dia-a-dia e que o futuro da empresa será promissor, em entrevista publicada em 07/11/2014:

Fique Segura: Viva intensamente, trabalhe, divirta-se, cuide da sua casa e das pessoas que você ama, mas deixe o Porto Seguro Vida Mais Mulher cuidar de você.